Apesar da trajetória difícil o projeto que oferece aulas gratuitas de música para pessoas de comunidades carentes
O Instituto Anelo chega aos 15 anos com orgulho para dar e vender. Apesar da trajetória difícil, em que não faltaram dificuldades para serem encaradas e superadas, o projeto que oferece aulas gratuitas de música para pessoas de comunidades carentes de Campinas não cansa de exaltar o sucesso profissional de alguns alunos. A entidade provou ser possível usar os ensinamentos adquiridos em um espaço improvisado no Jardim Florence I para figurar em shows e estúdios de todo o País.
Entre os mais de 2 mil estudantes atendidos desde maio do ano 2000 — a maioria da região do Campo Grande —, está o agora músico Bruno Piapara, de 24 anos. Ele começou a frequentar o Anelo quando tinha nove anos. Hoje toca baixo e guitarra no grupo Família Lima, faz trilhas para televisão, produção de discos e está empenhado na gravação do seu primeiro álbum instrumental, que deve sair até o fim do ano. “O projeto me ensinou a aprender a ouvir música e não apenas a tocar. A se dedicar e levar a profissão a sério, seja para tocar na noite ou ser professor”, ressalta.
As amizades com professores e colegas, além de workshops promovidos pela ONG ajudaram a manter o vínculo até hoje.
Outro pupilo é Daniel Fernandes Lima, de 31 anos. Ele já fazia aulas de cavaquinho em uma outra escola no DIC quando chegou ao Anelo, aos 17 anos. Foi no local que iniciou os estudos do contrabaixo, instrumento que lhe deu a oportunidade de fazer parte de uma banda formada dentro do próprio instituto. “Foi a partir de lá que começamos um grupo de MPB e jazz que levava o nome do próprio Anelo. Foram várias apresentações em bares de Barão Geraldo e também na periferia, por meio de ações sociais de iniciativa própria, mas também da Prefeitura”, lembra.
Com a orientação de Guilherme Ribeiro, padrinho do Anelo e pianista do Teatro Mágico, a banda cresceu musicalmente e os convites começaram a se acumular. Mas logo depois, já com alguma experiência, Daniel preferiu se afastar e seguir com sua própria carreira. Trabalhou como músico ao lado dos sertanejos Bruno & Marrone e Edson & Hudson. O maior desafio foi com a dupla mirim Vitor & Vitória — filhos de Edson —, o que proporcionou a Daniel participar até de gravações na televisão.
Hoje ele atua como produtor musical, especialmente com nomes do sertanejo, mas sem nunca esquecer do começo. “Foi no Anelo onde tudo começou, tem uma importância tremenda. Através do conhecimento que adquiri lá que foi possível conseguir vários contatos e continuar estudando.”
ORGULHO
“Esses alunos conseguiram ir além daquilo que a gente estava passando. Eles multiplicaram porque nossa estrutura era muito limitada em comparação com a que a gente tem hoje. Daqui a dez anos nós vamos ter muito mais frutos para destacar”, orgulha-se o fundador do Instituto, Luccas Soares. Ele aprendeu a tocar teclado de forma autodidata e, para sobreviver, começou a dar aulas no próprio Florence I.
Logo, criou o Anelo e o salão improvisado e usado para as aulas — alugado no começo por um valor simbólico — ficou pequeno.
Falta de equipamentos, problemas para cobrir despesas básicas e busca por apoio fizeram parte da história da entidade em seus 15 anos. Atualmente o acervo conta com cerca de 100 instrumentos para 214 pessoas, entre crianças, adolescentes e idosos, que são atendidos pela ONG.
SERVIÇO
Quem tiver interesse em ajudar o Instituto Anelo pode fazer doações para a conta da entidade, no Banco do Brasil, agência 3551-3; conta-corrente 11379-4
(em nome de Instituto Anelo). Mais informações pelo telefone (19) 3227-6778 ou site www.anelo.org.br.
Fonte: Correio Popular
Clique aqui para ver a matéria original.